por Verdade e Luz – Luis Carlos Affonso
Vemos com tanta nitidez os defeitos dos outros, mas como é difícil identificar aquele que nos prejudica, nos faz sofrer, nos colocando em situação de erro perante as leis espirituais e deixando a felicidade distante. Se não bastasse a nossa inferioridade, ainda nos dispomos a julgar aquele que certamente, de uma maneira ou de outra, comete os mesmos erros que nós. Sempre estamos certos e os outros sempre errados.
“Não julgueis, a fim de que não sejais julgados…” (Mateus – Cap. VII; 1 e 2). Que dificuldade! Olhamos para as pessoas e ali, como numa tela mental, os erros, os defeitos, de aquele ser que fulminado pelos nossos olhares é radiografado e julgado, como se fossemos as criaturas mais perfeitas da Terra.
O caminho em busca da perfeição exige uma nova postura, um trabalho de renovação interior, reflexão sobre ensinamentos e situações morais, devemos principalmente conscientizarmos dos nossos erros das nossas imperfeições e das nossas limitações sem esses exercícios o retardo espiritual continuará, sempre em prejuízo nosso. “Conhece-te a ti mesmo”. Disse Sócrates, o filósofo.
Por achar que somos pessoas melhores, julgamos, esquecemos do argueiro no olho, lembra! Se gostarmos de evidenciar os erros dos outros, somos maledicentes. Jesus nos alertou dizendo: “Será usado da mesma medida com você”. A maledicência é uma imperfeição da alma. Quem a pratica é maldoso. Não devemos esmiuçar a vida daqueles que convive ao nosso redor.
O grau de adiantamento a que estamos determina o nosso modo de agir, e às vezes não temos compreensão dos nossos erros, daí a necessidade de agirmos com caridade e deixarmos que a pessoa, através do seu amadurecimento espiritual, enxergue os maus atos praticados. Isso não quer dizer que devemos ser coniventes com os erros das pessoas. O mal deve ser combatido, sem evidenciar a inferioridade momentânea dos outros. Aquele que erra, mais tarde, se refletir, tomar nova postura e ser humilde, corrigirá os erros praticados.
Julgar é maldade, muitas vezes dizemos, jamais agiremos dessa maneira. Será que nunca fizemos isso? Acho que fazemos a todo instante, é natural da inferioridade. A postura deverá ser de luta contra as tendências inferiores. Quer saber se você é uma pessoa boa? Examine sua capacidade de perdoar, a colheita é inevitável.
Mudemos, vamos ser gentis, amorosos, falar aquilo que é bom, evitar a impaciência, as agressões verbais, não censurar, cuidado com as respostas mal conduzidas. O que fizermos aos outros, será usado de medida, quando formos avaliados pela espiritualidade. “Perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem” – Jesus. Reflita!
É mais fácil condenar do que ser solícito, a indulgência é o que mais precisamos, é uma necessidade, condenemos o mal, vivemos juntos daqueles que erram e erram, como nós. Mais cedo ou mais tarde precisaremos do perdão e da compreensão, porque a reprovação pode cair sobre nós. Quando censuramos desacreditamos a pessoa, fazemos o mal e não reprimimos o mal como seria certo e justo.
Jesus nos legou inúmeros exemplos de compreensão e perdão. A passagem da mulher adúltera diz:
“Quando os fariseus e escribas acusaram a mulher adúltera, exigindo seu apedrejamento, o Mestre disse: Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. Foram todos embora.
Consultando as escritas de Emmanuel, ele nos alerta dizendo: “A incompreensão, indiscutivelmente, é assim como a treva perante a luz, entretanto, se a vocação da claridade te assinala o íntimo, prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho… Se as estrelas da sabedoria e do amor te povoam o coração, não humilhes quem passa sob o nevoeiro da ignorância e da maldade… Não te faças demasiadamente superior diante dos inferiores ou excessivamente forte perante os fracos… Não clames, pois, contra a incompreensão, usando inquietude e desencanto, vinagre e fel… Por trás da cortina do “eu”, conservamos lamentavelmente cegueira diante da vida”.
Antes de preocuparmos com os defeitos dos outros, renovemo-nos dia a dia, só a transformação aparente não adianta, teremos que ir a fundo na renovação da nossa personalidade, renovemos nossa alma, vivamos uma vida equilibrada. Se a tendência do homem é acusar, lutemos contra ela. Quanto mais evoluído é um espírito, tanto maior é sua capacidade de perdoar.